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Isso vai e vem em ondas



Às vezes me pego imaginando como seria se tudo fosse diferente. Se todas as decepções e tristezas que tive na vida tivessem sido completamente superadas, eu confiaria facilmente nas pessoas? Não morreria de medo de me magoar? É tão difícil e complicado saber que a qualquer momento aquela pessoa que você estima simplesmente esteja contra você. É doloroso. Muito mais quando aquilo te lembra do passado.


Me sinto triste por tudo isso, não queria me sentir dessa forma, sendo incapaz de reagir ou gritar. Por que mesmo que todo sentimento ruim que eu tenha me manifeste raiva, ainda consigo ficar surpreendentemente triste e desenganada com tudo e todos a minha volta. Pareço aquelas crianças pequeninas que ainda não sabem lidar com a tristeza. É, sinceramente, eu não sei.


Meu peito não dói, mas a minha vontade de me encolher em um canto quente e escuro é maior do minha vontade de resolver o problema. Posso evitar comer, dormir o máximo que posso me distanciando da realidade e simplesmente me deixar levar até que tudo passe ou eu tenha me forçado a esquecer o que sento. Era assim antes e me orgulho, de certa forma, de tentar mudar isso agora. Não dormi ainda, meu corpo está com frio e eu gostaria de abraço quentinho agora. Acho que sou um bebê chorão e carente.


Quando algo nos mágoa parece que tudo aquilo que já te estressou e machucou vem tudo de uma vez. Algo na sua aparência que você demorou uma eternidade em aceitar, sua incapacidade em lidar com situações deste tipo, a falta de vontade de se expressar corretamente, todas as rejeições que te magoaram mesmo que não tenha sido algo realmente grande... isso me assusta. Queria ter a pele perfeita que sempre imaginei que teria o corpo que idealizada quando era mais nova. Nunca imaginei que pararia de sentir e fazer tantas coisas que gostava... o sentimento alegre da infância era porque não esperavam muita coisas de você.


Parece que me olham como se eu fosse um fracasso completo. Não tenho um emprego nesse país que parece decair ainda mais. Não sou um cartãozinho completo. Odeio ter que me sujeitar as expectativas dos outros. Não sou submissa. E isso atrapalha um pouco. Gosto do meu cabelo como nunca gostei durante grande parte da minha adolescência, e ver que todo meu esforço parecia ter sido em vão, me lembrou das épocas mais difíceis quando todo mundo dava palpite do que você deve fazer no cabelo, que não parece que ele cresceu, como ele é fino e quebradiço... Cara, isso irrita e afeta demais a imagem que eu queria que meus cabelos tivessem. Logo agora que finalmente me senti perto suficiente para ter o cabelo desejado.


Quero tanto ser alguém que mereça o orgulho de todas 'eu' que me admiram. Eu quero tanto deixar essa dor ir embora para que possa finalmente me sentir livre. Não me importar que todos me achem incompetente ou um estorvo. Por que eu me bastaria, sabe? Conseguir me abrir novamente, e ser a pessoa sorridente a maior parte do tempo. Feliz com sua vida. Feliz e contente com as pessoas que convivo. E não onde só me aturam e onde nem eu quero estar.


Eu evito tanto voltar para casa. Quero tanto ir embora. E me irrita que eu mesma me sabote tanto assim. Fugi basicamente a minha vida inteira, achando que tudo corria bem, e que por serem família eu deveria sentir o mesmo, mas não funciona assim. Percebi tarde demais que respeitar a decisão dos outros não é o mesmo que se sujeitar a uma situação que você não quer participar. Melhor tarde do que nunca. Estou frágil demais agora, não como antes, porque sei que tem pessoas, entidades, amigos que me apoiam, além de mim mesma, e talvez esteja um pouco mais fácil agora. E agradeço imensamente pelo apoio. Agora só quero descansar. Ter um pouco de paz e finalmente parar de viver com medo e de fugir das minhas responsabilidades e dos meus problemas.


Gratidão também que tenham lido até aqui. Aqui pelo jeito virou meu diário publico. Bem, é melhor do que lerem meu diário físico escondido.

"Percebemos o quanto uma coisa nos é importante apenas quando já a perdemos."

R.W.






R.W.

Bem-Vindos

04/10/2016

R.W.

"Assim como uma bela ventania da madrugada ela afogou-se com um par de asas."

R.W.

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