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Envelhecimento populacional: Distrito Federal possui taxa crescente de idosos em seus residentes

  • Foto do escritor: Gabrielle Guedes
    Gabrielle Guedes
  • 19 de nov. de 2024
  • 5 min de leitura

CIDADANIA


Idosos e Transporte Público


Reportagem escrita e produzida por Ana Beatriz da Silva, Ana Luiza Campos, Gabrielle dos Santos e Raíssa Ferreira.




Áudio descritivo da reportagem


Imagem de um idoso em um transporte público. Foto: Bernard Bodo/Adobe Stock

O aumento da taxa de pessoas idosas para crianças de até 14 anos de idade é uma preocupação atual para nosso país. Segundo os dados do Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2022, o alto envelhecimento populacional é uma realidade inclusive no Distrito Federal (DF), onde 13% dos seus residentes tem idade igual ou maior que 60 anos. A garantia à acessibilidade, segurança e respeito nos sistemas de transporte público se tornou cada vez mais urgente. Porém, é importante entender quais são os direitos que eles possuem e quais os desafios enfrentados por essas pessoas nos dias de hoje.


O transporte público é imprescindível para a mobilidade da população no Distrito Federal e com o envelhecimento da sociedade e o aumento da expectativa de vida, a acessibilidade, conforto e segurança para a pessoa idosa tem se tornado um tema prioritário nas políticas públicas, no entanto muitos desafios ainda persistem.


De acordo com a pesquisa do Instituto de Pesquisa e Estatística (IPEDF), de 2022, o Distrito Federal conta com 365.090 pessoas com idades acima dos 60 anos. E a taxa de envelhecimento não para de crescer, em 2020 era de 57,5% e para 2030, a previsão é que o número aumente para 95%. Na prática, isso significa que para cada 100 jovens, haverá 95 idosos com 60 anos ou mais. Além disso, a idade média da população, que era de 33,4 anos em 2020, deverá aumentar para 37,5 até o final da década. Esses dados evidenciam o grande desafio de oferecer um transporte público adequado às necessidades desse segmento crescente na sociedade.



No DF, uma das ações para garantir os direitos da pessoa idosa nos ônibus é a Lei Distrital n° 5.984/2017. Essa lei estabelece que todos os assentos do transporte coletivo e metroviário do Distrito Federal são preferenciais para: idosos com 60 anos ou mais, mulheres grávidas, mulheres com crianças de colo e pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida.


A usuária de transporte público Érika Barbosa, 26, relata sobre como percebe as leis serem aplicadas ao favor dos idosos: "A lei da gratuidade, sim, uns apresentam a identidade e outros conseguem isso com o cartão. Agora na questão dos assentos preferenciais, nem todo mundo tem essa consciência de disponibilizar o assento, então os idosos ficam em pé".


Dia 22 de Novembro temos quatro anos da regulamentação do Cartão Sênior criado pelo BRB Mobilidade. Ele visa facilitar o acesso da pessoa idosa em transportes públicos, para quem quiser adquiri-lo e possua mais de 60 anos, de acordo com as novas normas de idade para a passagem gratuita para pessoas idosas, que antes era 65 anos.




 


O aposentado João Luíz, 79, morador da Estrutural há mais de 25 anos, reclama da maneira como é tratado no ônibus. Ele sempre utiliza o Transporte Público, em especial ônibus, para resolver assuntos particulares. João comenta sobre a má educação dos motoristas, seja na hora de parar na parada, entrar no ônibus ou na hora de descer do veículo: "Muitos motoristas não param quando veem um idoso", comenta. Também desabafa das condições dos assentos dos ônibus, que muitas vezes estão ruins para sentar.


Ele não tem o Cartão Sênior, mas reconhece sua praticidade: "Para quem tem é vantajoso. Eu não tenho, mostro a identidade e entro, mas é uma vantagem para quem tem."



Desafios enfrentados


Os idosos do Distrito Federal enfrentam uma série de desafios diários no uso do transporte público, apesar das garantias legais que deveriam facilitar seu acesso a esse serviço essencial. Esses problemas refletem tanto nas falhas estruturais quanto sociais, impactando diretamente na mobilidade, segurança e dignidade dessa parcela da população. Os veículos não são adaptados para pessoas idosas da maneira que deveria, assim como a situação degradada das calçadas e paradas de ônibus.


Os desafios vão além da falta de empatia.


Nelson de Sousa, carteiro motorizado, 63, todos os dias pega ônibus para ir trabalhar, ele descreve como os ônibus são velhos. Nelson possui pinos nos dois joelhos, ele não paga passagem mas são duas horas em pé todos os dias no transporte público.

“Muitas vezes voltando do plano piloto com sacola pesada e os alunos que acabam de sair do colégio já vão pulando nas cadeiras, sem nem pensar se tem um idoso do lado".

Além disso, ele ainda relata sobre o que ele mudaria no transporte público: "Mudaria a frota, colocaria ônibus novos e um curso para preparar os motoristas. Porque falta isso, falta educação para alguns motoristas".


O cobrador de ônibus Marcos Rodrigues, 56, relata que quando identifica algum idoso em pé, ele pede para alguém levantar "Às vezes sim. Tem uns que não gostam que a gente peça, porque o certo é eles pedirem, e como alguns não gostam que a gente ajude, não peço sempre".


Acessibilidade e Segurança

Parada de ônibus. Foto: Paulo H Carvalho/Agência Brasília

A acessibilidade e a segurança no transporte público são questões cruciais para os idosos do Distrito Federal. Embora os direitos desse grupo sejam garantidos por lei, as condições práticas ainda deixam a desejar, impactando negativamente sua mobilidade e qualidade de vida.


Infraestrutura inadequada: muitos ônibus carecem de rampas ou elevadores funcionais, dificultando o embarque e desembarque de idosos com mobilidade reduzida. As paradas de ônibus, frequentemente mal localizadas ou em condições precárias, também representam barreiras.


Analfabetismo: Parte dos idosos enfrenta dificuldades para compreender itinerários e horários por conta da ausência de informações claras, como sinalização acessível ou anúncios sonoros. Essa limitação amplia a sensação de insegurança e a dependência de terceiros para a locomoção.


Riscos de quedas: A superlotação e a falta de suportes adequados nos veículos aumentam o risco de quedas, especialmente durante freadas bruscas ou manobras.


Condições dos veículos: ônibus e metrôs com manutenção inadequada ou em estado de deterioração contribuem para um ambiente menos seguro. Piso escorregadio, ausência de corrimãos em bom estado e degraus altos são obstáculos comuns.


Soluções Necessárias


Para garantir acessibilidade e segurança no transporte público, são necessárias ações concretas, como:


  • Investimento em infraestrutura: renovação da frota com veículos acessíveis, manutenção periódica e adequação das paradas.


  • Informação acessível: implementação de sinalizações visuais claras, anúncios sonoros e sistemas interativos de orientação.


  • Fiscalização e segurança: aumento do policiamento nos veículos e terminais, além de treinamento para motoristas e cobradores sobre o atendimento a idosos.


  • Campanhas educativas: conscientizar a sociedade sobre a importância de respeitar os direitos dos idosos no transporte.


O transporte público desempenha um papel fundamental na promoção da autonomia e na inclusão social dos idosos no Distrito Federal. No entanto, para ser realmente acessível e inclusivo, é indispensável o compromisso tanto do governo quanto da população em implementar soluções que removam obstáculos e assegurem os idosos de seus direitos. Proporcionar um transporte público de qualidade e adaptado às suas necessidades não é apenas um dever de cidadania, mas também uma questão de garantir dignidade e justiça social como previsto no Estatuto da Pessoa Idosa.

Comments


R.W.

Bem-Vindos

04/10/2016

R.W.

"Assim como uma bela ventania da madrugada ela afogou-se com um par de asas."

R.W.

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